
“Todos nós estamos ficando com as barbas de molho. Quando a Dilma toma uma decisão, ela age, sem avisar nada para nós”, reclamou o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO). “É comum reclamarmos das coisas, o saco é sempre fundo”, acrescentou, embora os próprios parlamentares da base reconheçam que, pelo menos no trato pessoal, Dilma tem sido mais cordial do que de costume.
A presidente tem adotado esse perfil sob a alegação de que pretende imprimir um estilo de governo mais gerencial, menos preso a barganhas e jogos políticos. Uma novidade em Brasília, capital acostumada ao loteamento de espaços na máquina federal e à troca de apoio parlamentar por liberação de emendas para deputados e senadores. Essa disposição paralisou o governo por diversas vezes ao longo deste primeiro semestre.
Senadores experientes, como Pedro Simon (PMDB-RS) — que integra o chamado G8, grupo de oito senadores peemedebistas que se consideram independentes —, torcem para que Dilma mantenha essa pegada.
“Eu sei que é difícil, a presidenta Dilma Rousseff está só. Eu espero que, com o cajado de sua caneta, ela consiga romper com essa cultura fisiológica”, disse Simon, em discurso na tribuna do Senado.
Seu companheiro de partido, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), pensa diferente. Ele espera que o coquetel oferecido por Dilma aos aliados na última quarta-feira possa significar um distensionamento nesse relacionamento.
“Dilma está mais afável, mais à vontade. Acho que ela está começando a se acostumar com essa relação”, diz Alves.
Mas ele admite que esses primeiros momentos não foram fáceis. “Ela é técnica, não política, estamos tentando aprender como lidar com ela. Mas é sempre melhor esse estilo franco do que a dissimulação ou o empurrar com a barriga”, enfatiza o líder do PMDB na Câmara.
Fonte: Correio Braziliense
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