Seis meses após assumir a Presidência da República, Dilma Rousseff imprimiu um estilo diferente na relação do Palácio do Planalto com a base aliada. Um estilo que está deixando os integrantes da aliança governista preocupados, porque eles não estão conseguindo antecipar os movimentos da presidente.
“Todos nós estamos ficando com as barbas de molho. Quando a Dilma toma uma decisão, ela age, sem avisar nada para nós”, reclamou o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO). “É comum reclamarmos das coisas, o saco é sempre fundo”, acrescentou, embora os próprios parlamentares da base reconheçam que, pelo menos no trato pessoal, Dilma tem sido mais cordial do que de costume.
A presidente tem adotado esse perfil sob a alegação de que pretende imprimir um estilo de governo mais gerencial, menos preso a barganhas e jogos políticos. Uma novidade em Brasília, capital acostumada ao loteamento de espaços na máquina federal e à troca de apoio parlamentar por liberação de emendas para deputados e senadores. Essa disposição paralisou o governo por diversas vezes ao longo deste primeiro semestre.
Senadores experientes, como Pedro Simon (PMDB-RS) — que integra o chamado G8, grupo de oito senadores peemedebistas que se consideram independentes —, torcem para que Dilma mantenha essa pegada.
“Eu sei que é difícil, a presidenta Dilma Rousseff está só. Eu espero que, com o cajado de sua caneta, ela consiga romper com essa cultura fisiológica”, disse Simon, em discurso na tribuna do Senado.
Seu companheiro de partido, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), pensa diferente. Ele espera que o coquetel oferecido por Dilma aos aliados na última quarta-feira possa significar um distensionamento nesse relacionamento.
“Dilma está mais afável, mais à vontade. Acho que ela está começando a se acostumar com essa relação”, diz Alves.
Mas ele admite que esses primeiros momentos não foram fáceis. “Ela é técnica, não política, estamos tentando aprender como lidar com ela. Mas é sempre melhor esse estilo franco do que a dissimulação ou o empurrar com a barriga”, enfatiza o líder do PMDB na Câmara.
Fonte: Correio Braziliense
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