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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Lula reforça que não vai interferir na transição e no governo de Dilma e pede para que oposição olhe mais pelo Brasil


RIO - No primeiro pronunciamento após a eleição de Dilma Rousseff (PT), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não pretende interferir na gestão de sua sucessora e pediu para que a oposição olhe mais pelo Brasil e não faça a "política da vingança que fizeram com ele". (Leia também: Dilma diz que salário-mínimo deve superar os R$ 600 no final de 2011)

- Vou repetir como funciona na minha cabeça: rei morto é rei posto. Eu falei que ia dar uma lição de como se comporta um ex-presidente da República. Um ex-presidente poderá dar algum conselho se algum dia for pedido, mas para trabalhar nunca - disse Lula.

¨Um ex-presidente poderá dar algum conselho se algum dia for pedido, mas para trabalhar nunca¨
E ressaltou que Dilma é diferente dele:
- Dilma é diferente de mim. Ela tem toda a capacidade para montar uma equipe preparada e coesa para o próximo governo, até porque ela conhece mais gente do que conhecia quando assumi o governo.

Em um recado para a oposição, o presidente disse:

- Eu já fui oposição e governo muito tempo. Acho que foi eu que perdi mais eleições no país, mais até do que o Serra.

E acrescentou:

- Queria pedir a oposição, que a partir do dia 1º de janeiro, olhasse mais um pouco para o Brasil e que ajudasse a dar certo o Brasil. Eu sei que quando a gente é derrotado, ficamos chateados e com um espírito de vingança. Não vou falar em unidade nacional, pois essa palavra está queimada e mal usada. Peço para que a oposição não faça contra Dilma o que fizeram comigo, a política da vingança.

¨O povo não é mais massa de manobra. Tem gente que trata o povo como boiada¨
Lula criticou também a promessa do então candidato José Serra (PSDB) para elevar o salário mínimo a R$ 600. O presidente afirmou que há governantes que tratam o "povo como boiada", e destacou que a população "não é mais massa de manobra".

- Isso (o salário mínimo de R$600) era a promessa do Serra. Era o que eles podiam ter feito quando governaram o país. O povo não é mais massa de manobra. Tem gente que trata o povo como boiada, toca o berrante e acha que o povo vai atrás. O povo está sabido, sabe o que é política séria e sabe o que é promessa. É por isso que ela ganhou sem precisar entrar na fase das promessas fáceis.

Quanto aos rumores de que voltará em 2014, Lula classificou esta ideia de "temeridade" e afirmou ainda que não tomará medidas impopulares nos últimos dois meses de governo, e sim que fará o necessário para que Dilma Rousseff inicie seu mandato sem dificuldades.

- Não temos pela frente medidas impopulares - afirmou a jornalistas.
Lula diz que vai combater guerra cambial no G-20

Lula também disse que EUA e China estão engajados em uma "guerra cambial", e que irá à reunião do G-20 para "brigar" para que o real não fique valorizado demais.
¨Eu vou para a reunião do G-20 para brigar. Se eles já tinham problema para enfrentar o Lula, vão ter problema para enfrentar agora o Lula e a Dilma¨

- Se eles já tinham problema para enfrentar o Lula, vão ter problema para enfrentar agora o Lula e a Dilma - completou.

Lula, que convidou a presidente eleita Dilma Rousseff para lhe acompanhar na reunião do G-20 em Seul na próxima semana, sinalizou que, se houver alguma medida a ser tomada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, saberão o que fazer.

Sobre o câmbio, o presidente afirmou que "a única coisa que temos em comum é que queremos um câmbio flutuante":

- Vamos tomar todas medidas necessárias para que nossa moeda não seja sobrevalorizada.

Durante a entrevista, o presidente chegou a dizer que a presidente eleita vai governar o país com uma confortável situação econômica.

- Ela ajudou a colocar este carro em marcha. O carro não está mais na garagem. Dilma vai pegar o carro andando a 120 km por hora. Se quiser pode acelerar até uns 140 km. Ela não tem por que brecar este carro. Só tem que dirigir com muita responsabilidade - destacou.

Ele explicou, ainda, que está conversando com Dilma sobre as indicações que fará para a direção da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

- O nome eu já tenho, mas estou conversando com Dilma. Se o Serra tivesse sido eleito, eu iria discutir com ele do mesmo jeito.

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